BuscaPé, líder em comparação de preços na América Latina

quarta-feira, 22 de abril de 2009


05/09/2008, 14:10
Os novos números do não-governamental Imazon – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia revelam queda no desmatamento da floresta tropical em julho, mas derrubadas disparam em municípios do Pólo de Carajás e da Terra do Meio, no Pará. Estado já supera o Mato Grosso em desmatamento.

Os dados apontam 276 Km2 derrubados em julho deste ano na Amazônia, contra 961 Km2 em julho de 2007. A redução foi de 71%. Já os índices do governo mostram uma queda de 62,8% no mesmo período, relativos a 323 Km2 que sofreram corte raso ou degradação progressiva. O Imazon observa apenas desmatamento, daí a diferença entre porcentuais.

Em 12 meses também há registro de baixa nas derrubadas. Entre agosto de 2006 e julho de 2007 foram 5.331 Km2, enquanto 5.030 Km2 desapareceram no período recente. No entanto, a época de derrubadas está começando no norte do País.

Das florestas abatidas em julho, a tríade nacional do desmatamento responde por 257 Km2, ou 93%: Pará (75%), Mato Grosso (12%) e Rondônia (6%). O Amazonas acumulou também 6%. Roraima, Tocantins e Acre respondem por 1% da destruição. Se observarmos entre agosto de 2007 e julho deste ano, seguem na liderança do desmatamento amazônico o Pará (42%), o Mato Grosso (41%) e Rondônia (9%).

“O Mato Grosso é mais influenciado pelo agronegócio e sofreu maior repressão governista frente aos índices de desmatamento. O Pará o está superando em desmatamento absoluto”, comenta o pesquisador Adalberto Veríssimo, do Imazon.



Desmatamento na Amazônia Legal em julho (vermelho) de 2008 / Imazon


A maior parte das derrubadas (76%) aconteceu em terras privadas ou com algum tipo de ocupação humana permanente. Assentamentos da chamada reforma agrária respondem por 18% (50 Km2), parques nacionais e estaduais e outras áreas protegidas por 5% (13,8 Km2) e terras indígenas por 1% (2,8 Km2). Durante a verificação, 17% da Amazônia estava coberto por nuvens, incluindo porções do Amapá, Roraima, Amazonas e Pará.

Degradação sobreposta

Chama a atenção no estudo do Imazon o aumento da destruição na região de Carajás, onde existem áreas protegidas e um pólo siderúrgico sedento por carvão vegetal. As siderúrgicas de lá vem acumulando multas milionárias ao longo dos anos, sem que uma solução definitiva para o problema seja encaminhada pelo governo. A lei obriga esse tipo de indústria a ter plantações de árvores para abastecimento próprio.

Conforme Veríssimo, do Imazon, o consumo de carvão no pólo é de até 14 milhões de m3 anuais. Para tamanha produção, seriam necessários de cinco a dez mil Km2 de cultivos arbóreos. “Nos últimos três meses se intensificou a devastação em uma área já degradada, incluindo municípios como Novo Repartimento e Pacajá”, disse.

Dos dez municípios que mais degradaram a Amazônia em julho, nove estão no Pará. Além de Carajás, o desmatamento avança pela Terra do Meio e área de influência da BR-163, onde o governo tem planos para concretizar áreas protegidas e manejo madeireiro.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009





Exemplares de pau-rosa (Aniba rosaeodora) na Reserva Florestal de Ducke em Manaus

O que ocorreu com a seringueira, no final do século XIX e início do XX, quando o seu látex era retirado das árvores nativas sem haver preocupação com o seu cultivo, também ocorre com o pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke), árvore típica da Amazônia, de cuja casca se extrai um óleo rico em linalol, fixador de perfumes cobiçado pelas indústrias de cosméticos do exterior, principalmente as francesas, como a Coco Chanel, fabricante do Chanel nº 5.

Existem três espécies de pau-rosa encontradas desde o sul do México até o princípio da Mata Atlântica, mas a espécie amazônica é a que apresenta a maior concentração de óleo, por isso é explorada incessantemente há décadas, estando ameaçada de extinção. Diferente da seringueira, que explorada racionalmente pode produzir látex por décadas, a árvore do pau-rosa precisa ser abatida para a extração do óleo da casca. O corte predatório é que está levando ao desaparecimento da planta. Como a procura pelo óleo é intensa (o preço atual no mercado internacional é de US$ 28 o litro), é grande a corrida em direção às poucas árvores nativas que ainda restam na floresta. Por isso mesmo, desde o ano 2000 o Ibama (Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) só permite a extração se houver a reposição da espécie.



Combustível - O pau-rosa é explorado intensivamente na região amazônica desde o início do século passado, mas foi nas décadas de 20 e 30, com o crescimento da indústria de perfumes, que a sua extração atingiu proporções predatórias. Naquela época, a região era tão rica da espécie que os caboclos utilizavam seu óleo como combustível para as suas lamparinas. Com o mercado em ascensão, a partir da década de 60 houve um novo crescimento na procura pelo linalol. Nesse período, eram comercializadas mais de 500 toneladas/ano de óleo. Pelo menos 50 destilarias processavam cerca de 50 mil toneladas anuais de madeira, tudo retirado de florestas nativas.

Na década seguinte, com o surgimento do linalol sintético e da entrada no mercado internacional do óleo essencial chinês da espécie Ho, a produção estabilizou em 100 toneladas/ano. Calcula-se que, nesses últimos 40 anos, aproximadamente 2 milhões de árvores foram abatidas e explorados irracionalmente mais de 10 milhões de hectares de florestas. O trabalho era feito por meio de usinas móveis, que exploravam toda a madeira numa determinada área até esgotá-la, e depois seguiam para outra, repetindo o processo. Nesse período da extração do pau-rosa, a atividade chegou a envolver diretamente cerca de 6 mil pessoas e ocupar o terceiro lugar na pauta de exportações do Estado do Amazonas.

Para extrair 180 litros de essência de pau-rosa, são necessárias de quinze a vinte toneladas de madeira, o que só se consegue com a derrubada de cerca de mil árvores.

Fonte Revista AgroAmazônia